Três detentos morreram e seis ficaram feridos em um motim na penitenciária regional de Guayaquil, no Equador, que viveu ontem uma nova onda de violência. Segundo a polícia da maior cidade equatoriana, pelo menos 13 incidentes violentos foram relatados durante a madrugada.
A rebelião aconteceu apesar do estado de exceção, que colocou as Forças Armadas no comando das prisões. Os detentos atearam fogo em colchões durante toda a madrugada de ontem, até que os militares retomaram o controle da prisão pela manhã.
Segundo autoridades, as mortes foram causadas por brigas dos próprios presos entre si e não têm relação com a ação militar. Armas, munições e explosivos foram encontrados no local durante uma inspeção.
A penitenciária tem cerca de 4,4 mil detentos e é a mesma de onde escapou em janeiro o narcotraficante Adolfo Macías, conhecido como “Fito”, líder de uma das maiores facções criminosas do país. A fuga desencadeou uma onda de violência que incluiu homicídios, ataques a veículos de imprensa, explosões e mais de 200 sequestros, o que levou o presidente Daniel Noboa a declarar estado de exceção.
Segundo as autoridades, a maioria dos detentos da penitenciária faz parte da facção liderada por Fito, que a controlava até o início do estado de exceção. O general Víctor Herrera e o vice-ministro de segurança, Lyonel Calderón, atribuíram a causa do motim à insatisfação dos presos com a presença dos militares
Onda de Crimes
Enquanto a rebelião acontecia, uma série de crimes foi registrada em diversos pontos de Guayaquil. Criminosos atearam fogo em veículos e postos de gasolina em pelo menos 13 ocorrências registradas pela polícia.
Segundo Calderón, os crimes são uma tentativa de desestabilizar o Equador na véspera de um plebiscito sobre o endurecimento de leis de combate ao crime, marcado para 21 de abril. O vice-ministro ainda relacionou as ações criminosas aos depoimentos do “caso Metástase”, que investiga a relação do tráfico de drogas com autoridades do país.
“Não é por acaso que ainda hoje, quando vão ser realizados alguns dos primeiros depoimentos em um caso muito importante, estas situações começam a ocorrer”, declarou Calderón.
Protestos
Ainda na manhã de ontem, cerca de 200 parentes de presos queimaram pneus nas ruas da cidade e foram para frente da penitenciária para protestar por mais informações sobre os detentos. Eles também acusam os militares de praticarem maus tratos contra os detentos.
“Nos últimos dois meses, eles (os presos) estão nus, só com as roupas íntimas, dormindo no chão, fazendo apenas uma refeição por dia”, afirmou a mãe de um dos detentos, identificada como Patricia Pluas.(Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.